Em dia D das demissões, mais de mil trabalhadores deixam a Copel.
O inicio de uma empresa mais voltada para o lucro e menos para o social.
Nesta quarta-feira, 14 de agosto de 2024, 1.078 trabalhadores da Copel, que aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) em 2023, foram oficialmente desligados. Com isso, a Copel, que antes contava com 5.584 funcionários, agora vê seu quadro reduzido em 53,5%. Outros 1.551 pedidos de desligamento foram negados. A medida é parte de um movimento mais amplo, que reflete a transição da empresa para uma estrutura focada no lucro, após sua privatização.
Privatização acelerada sob comando de Ratinho Júnior
A privatização da Copel, iniciada ainda no governo Beto Richa (PSDB), foi intensificada durante a gestão de Ratinho Júnior (PSD). Diferente de seu antecessor, que hesitou em vender a mais lucrativa empresa do Paraná, Ratinho Júnior avançou com o plano, entregando a companhia ao mercado financeiro. A redução do quadro de funcionários foi uma das primeiras etapas, com sucessivos Programas de Demissão Voluntária (PDVs) diminuindo o número de concursados e aumentando a terceirização.
Copel Telecom - o protótipo da privatização
A venda da Copel Telecom, concluída por R$ 2,395 bilhões, foi um passo crucial na privatização da Copel. Este movimento foi apresentado com a justificativa de aumentar a competitividade da companhia e garantir a renovação das concessões de usinas hidrelétricas. No entanto, críticos apontam que a venda resultou na transferência de um monopólio estatal para um monopólio de mercado, removendo parte significativa do controle social.
Lucros crescentes, menos controle social
Com a privatização, a Copel anunciou lucros expressivos. Em 2023, a empresa teve um lucro líquido de R$ 22,2 bilhões, dos quais 50% foram destinados aos acionistas. Já no primeiro semestre de 2024, o lucro líquido foi de R$ 473 milhões, um aumento de 53,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esses resultados, no entanto, foram acompanhados de críticas, já que parte dos lucros advém de isenções fiscais que poderiam ser direcionadas a investimentos sociais.
Impactos Futuros – de olho no que vem por aí.
A privatização da Copel levanta questões sobre o futuro da empresa. A perda de funcionários qualificados e a mudança para uma gestão orientada pelo lucro podem impactar a qualidade dos serviços prestados e resultar em aumentos nos preços da energia elétrica. O governo do Paraná, que antes detinha 31,1% das ações da Copel, agora possui apenas 15,9%, enquanto o mercado financeiro controla 61,9% das ações, consolidando a transformação da empresa em uma corporação focada no mercado.